quarta-feira, 21 de abril de 2010

Entrevista a Mikhail Gorbachev


Esta semana lemos nas nossas aulas de História alguns documentos escritos pelo politico russo Mikhail Gorbachev. Gostei do que lemos porque este politico mesmo sendo russo, apelou tanto à URSS como aos EUA para deixarem os países seguirem os rumos e caminhos políticos que quisessem sem qualquer pressão de ter que seguir as vontades de outro pais. Assim este politico sempre apelou à paz no mundo , tendo acabado por ganhar o Prémio Nobel da Paz em 1990, tendo este na minha opinião sido muito merecido e bem entregue. Ao pesquisar sobre a vida actual de Gorbachev encontrei uma entrevista que deu recentemente que achei bem publicar esta semana no Blog, segue-se então a entrevista:

Será possível definir a degradação ambiental como o principal problema da actualidade, quando ainda existem tantas pessoas a viver abaixo do limiar da pobreza? O que diria às pessoas para quem a alteração dos hábitos de vida representaria um luxo insustentável?

"Os principais problemas da actualidade são a pobreza, a qualidade do ar e da água, as condições sanitárias e a baixa produtividade agrícola, todos relacionados com questões ecológicas. Não faz sentido dizer que a ecologia é um luxo, porque é uma prioridade absoluta nos dias que correm. A segunda prioridade é a luta contra a pobreza, uma vez que dois mil milhões de pessoas no mundo dispõem apenas de um a dois dólares norte-americanos por dia. A terceira prioridade é a segurança mundial, incluindo a ameaça nuclear e as armas de destruição massiva. Todas elas são prioridades urgentes, mas coloco a ecologia em primeiro lugar porque atinge directamente todos os cidadãos do mundo".



Durante a sua presidência iniciou importantes mudanças na então União Soviética e trabalhou muito para acabar com a Guerra Fria. Que lições podemos retirar dessa experiência?

"Em meados da década de 1980, os líderes dos grandes países tiveram consciência de que era urgente fazer qualquer coisa. Gorbachev, Reagan, Bush, Thatcher, Mitterrand e muitos outros foram suficientemente inteligentes para ultrapassar os preconceitos existentes e iniciar um diálogo sobre a ameaça nuclear. Os dias de hoje já são diferentes porque estamos perante o fenómeno da globalização. Alguns países tornaram-se mais independentes e outros, como o Brasil, a China e a Índia, tornaram-se actores importantes no plano mundial. A lição mais importante que podemos retirar é a consciência da necessidade desse diálogo. É necessário renunciar à política da força, que não traz nada de bom. É necessário ter consciência de que estamos todos no mesmo barco e que temos que remar juntos. Isto porque se alguns remarem, outros despejarem água e alguns fizerem buracos ninguém conseguirá vencer seja o que for. Vejamos o que se passa com os EUA no Iraque. Todos os aliados estavam contra a invasão, mas os EUA não ouviram ninguém e o que é que aconteceu? Agora não sabem como sair da situação. Percebemos que a situação é séria e temos que os ajudar a sair dela. É necessária uma nova ordem mundial e mecanismos globais que permitam geri-la. Com o fim da Guerra Fria, todas as pessoas defendiam uma nova ordem mundial e até o Papa se juntou a nós e falou na necessidade de uma nova ordem mundial, mais estável, mais justa e mais humana. No entanto, quando a URSS se desmoronou, essencialmente por razões de ordem interna, os EUA não resistiram e aproveitaram a confusão. As elites políticas mudaram, os que acabaram com a Guerra Fria saíram de cena e os novos protagonistas queriam escrever a sua própria história. Estes erros de visão, de decisão e de acção tornaram o mundo ingovernável. O mundo em que vivemos atingiu uma fase caótica. É possível que do caos emirjam novos estilos de vida e mecanismos políticos, mas o caos também pode levar à ruptura, à resistência e ao conflito armado".



Rumo a uma Nova Civilização é o mote da Fundação Gorbachev. Como se define essa nova civilização? Onde poderá o mundo ir buscar os recursos necessários para essas mudanças fundamentais?

"Não se trata apenas de dinheiro. Se as questões internacionais forem tratadas de uma forma desorganizada, gasta-se mais dinheiro. É uma questão de confiança, cooperação, diálogo, ajuda mútua e trocas recíprocas. Por que é que a Europa cresce economicamente? Unicamente por causa da União Europeia. É este o caminho para as novas oportunidades e a UE é um bom exemplo disso. Claro que nem tudo é perfeito e, na minha opinião, a União Europeia já está sobrecarregada enquanto sistema. É necessário que tenha a inteligência necessária para saber quando deve parar, absorver e avançar".



Na sua opinião, a Rússia caminha actualmente no bom sentido?

"Considero que a Rússia caminha na boa direcção e vai avançar, apesar de estar a meio de um difícil processo de transição democrática. Durante a presidência de Boris Yeltsin as pessoas tratavam a Rússia sem respeito, mas isso deixou de ser possível e temos que esquecer esses tempos. A Rússia estará ao nível de todos os outros".

Vera Fijan

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Fernando Nobre quer trasladação dos mortos no Ultramar

Acho que já é do conhecimento de todos os Portugueses a promessa do politico Fernando Nobre de transportar para Portugal os corpos dos nossos soldados mortos na Guerra do Ultramar, caso se torne no nosso próximo Presidente da República. No post desta semana decidi dar a minha opinião sobre este tema.
Segundo o politico, esta será uma oportunidade das famílias fazerem o seu luto pelos familiares que nesta guerra perderam, tendo em conta que apenas as famílias mais ricas conseguiram trazer os corpos dos seus filhos\netos\maridos para Portugal, e que segundo o General Chito Rodrigues estão 4500 soldados portugueses enterrados em vários países de África, sendo que estas famílias também tem direito a terem cá os seus familiares que lá morreram e fazer o luto dos seus mortos. Acho que o povo português já sofreu o suficiente por esta questão, e que voltar a tocar nela seria abrir uma ferida já quase sarada. Todas as famílias já fizeram o seu luto ao chorarem a morte e a saudade dos seus soldados, sendo que trazer para cá os cerca de 4500 corpos só traria de novo o sofrimento às famílias, que apenas se lembrariam do que já choraram e sofreram, e que teria de passar de novo por uma fase que não desejo a ninguém: deparar mo nos com a morte de um familiar.
Assim, concluindo, na minha opinião ao trazer para Portugal os corpos dos soldados só traria de novo sofrimento às pessoas que diariamente sentem a falta de um familiar ou amigo que morreu na Guerra do Ultramar.
Vera Fijan